História de Fé e Santidade
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Dia 8 de setembro de 1876, na Alemanha, nasceu um menino, que iria trilhar o caminho da santidade. Filho de Hubert Linden e Cecília Goelden, no batismo recebeu o nome do pai: Humberto (em português). Sua família era muito católica e simples, seu pai operário de fábrica e sua mãe filha de agricultores. Teve três irmãs.
Muito jovem foi chamado por Deus para abraçar a vocação de sacerdote e religioso. Disse “Sim” e ingressou no seminário de Harreveld, na Holanda, no início de 1892, como seminarista, para iniciar sua formação. No dia 13 de maio de 1894 foi recebido no noviciado, com o nome de Frei Bruno Linden.
Sua vinda para o Brasil foi motivada pelo ardente desejo de ser missionário. Com apenas 18 anos de idade, ainda noviço, com a permissão do Ministro Provincial, partiu de navio, no dia 20 de junho de 1894, de Hamburgo com destino ao Brasil. A expedição era ao todo 52 pessoas: padres, religiosos, irmãos leigos e 24 noviços, dentre eles Frei Bruno. Abraçou tão plenamente a missão, optando por nunca mais retornar a sua terra natal.
No Brasil, as dificuldades enfrentadas pelos missionários eram muitas: distâncias, falta de estradas, dificuldade de comunicação, doenças e outras.
Frei Bruno fez os estudos de Filosofia em Salvador, na Bahia no convento São Francisco e a partir de 1898 estudou em Petrópolis, no Rio de Janeiro, no Instituto de Teologia na época recém-inaugurado e em pleno funcionamento até os dias de hoje.
Frei Bruno foi ordenado sacerdote em Petrópolis, no dia 1º de maio de1l901, na Igreja Sagrado Coração de Jesus, pelo bispo Dom Francisco do Rego Maia.
Seu jovem coração ardia na ânsia de ir ao encontro dos irmãos necessitados, curar suas feridas e animá-los no seguimento de Jesus. Assim começou sua caminhada de servo de Deus. De 1901 ao final de 1902, permaneceu em Petrópolis, RJ; em 1902 foi transferido para Gaspar, SC; em 1907 retornou para Petrópolis até 1909, quando foi transferido para São José, SC. No dia 13 de junho de 1918, foi transferido para Não-me-Toque, onde junto com mais dois freis fundaram a primeira residência franciscana no Rio Grande do Sul. Nesta colônia de alemãs, italianos e brasileiros, permaneceu por 7 anos e meio. Diz a crônica escrita por Frei Bruno: “Nossa casa é igual a dos outros moradores, uma pequena casa de taboas, pobre e modesta, bem dentro do espírito de São Francisco de Assis”. E acrescenta: “já nas primeiras noites tivemos que sair a cavalo para atender a doentes”.
Em 1926, Frei Bruno foi transferido para Rodeio, SC, onde permaneceu por 19 anos, dali foi para Esteves Junior (SC) em 1945 e no mesmo ano foi transferido para Xaxim onde chegou como pároco, com seus 70 anos, com grandes desafios que foram por ele abraçados com muita coragem e determinação.
Sua permanência na Paróquia São Luiz Gonzaga, de 1945 a 1955, coincide com o período das grandes construções. Em 1947 foi lançada a pedra fundamental da Matriz que foi inaugurada em 1951. Também foi construída a casa paroquial e o salão comunitário. Várias comunidades foram criadas e organizadas nestes anos com seu apoio e incentivo.
A presença de Frei Bruno em Xaxim é muito marcante, seja na pastoral, no cuidado com as vocações e na devoção. No começo do ano de 1946, diz a Crônica da Casa Paroquial: “O veterano frade de 70 anos ainda percorre 8, 10 e até 12 quilômetros, visitando as capelas à procura das ovelhas perdidas. No tempo pascal, percorreu Frei Bruno todas as casas do nosso distrito”. É clara esta característica de Frei Bruno: a visita às famílias, o contato pessoal, o interesse pela vida espiritual dos pais e dos filhos, o ver com os próprios olhos e apalpar com as próprias mãos as dificuldades de seus paroquianos. Intransigente com erros e omissões, sempre bondoso e compreensivo com todos.
Ainda em 1946, o cronista escreve: “Nos distritos de Xanxerê e Abelardo Luz prepondera a população cabocla e índia. E ali vai de rancho em rancho Frei Bruno e descobre aqui e acolá amasiados e não sossega até que os vê unidos pelo sacramento do matrimônio. Tornou-se o padre casamenteiro. Nas suas viagens apostólicas, que duram de 15 a 20 dias, prefere o veículo mais seguro: a mesma condução que usava São Paulo e os outros apóstolos”.
Em janeiro de 1950, Frei Bruno levou um grupo de meninos paroquianos para o Seminário de Luzerna. Entre eles estava Frei Ludovico Garmus.
Em 1952, ainda sob o paroquiato de Frei Bruno, mas por iniciativa de Frei Gonçalo, foi introduzido o terço diário na matriz. Os dois frades, quando em casa, após a ceia, passaram a ir à matriz rezar com o povo. Frei Bruno escreve no Tombo: “É de muita consolação ver as almas concorrem depois da janta a esta devoção vespertina em bastante número até em dias de chuva, barro e frio”. Também em 1952, ainda por iniciativa de Frei Gonçalo, voltou-se a celebrar a Festa de Nossa Senhora da Saúde, co-padroeira de Xaxim, no dia 21 de novembro.
Durante esta vida de total dedicação aos irmãos e irmãs, Frei Bruno foi se debilitando fisicamente, com duas hérnias que o impediam de andar a cavalo e de carro. Com seus oitenta anos e problemas cardíacos, precisava de um descanso. Foi então transferido para Luzerna (SC) sem nenhum cargo, para repouso. Logo mudou-se para Joaçaba (SC), onde continuou seu apostolado visitando pessoas, atendendo confissões, respondendo cartas, ajudando presidiários e empregadas domésticas a terem vida mais digna.
No dia 25 de fevereiro de 1960, o guardião voltando de uma missa encontrou-o morto no quarto. Tinha 83 anos, 65 de vida religiosa e 58 de sacerdote. Sua caminhada nesta terra foi de inteira dedicação aos mais necessitados e de entrega total a vontade de Deus. Sua fidelidade a vocação escolhida faz com que seja lembrado como: “padre incansável”, “missionário zeloso”, “homem santo”, aquele que encontrou a perfeita alegria doando sua vida por amor a Deus e aos irmãos e irmãs.
O processo da Causa de Frei Bruno recebeu o “nihil obstat” (nada contrário) no dia 7 de maio de 2013, quando o Cardeal Angelo Amato, então prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, enviou documento a Dom Mário Marquez informando não existir impedimento para iniciar oficialmente o processo de beatificação do frade franciscano da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. No mesmo ano, no dia 30 de outubro, foi instalado o Tribunal Eclesiástico da Diocese, formado por: Pe. Davi Lenor Ribeiro dos Santos, delegado do bispo, Pe. Clair José Lovera, promotor de justiça; Michelle Selig, notária (secretária); e Cláudio Orço, notário auxiliar. Trabalhou neste processo também uma Comissão histórica formada pela historiadora Iraci Lopes e Frei Clarêncio Neotti, que teve a missão de recolher toda a documentação sobre Frei Bruno, tudo o que se escreveu sobre ele e todas as referências à vida e santidade de Frei Bruno. Os vice-postuladores desta causa são Frei Estêvão Ottenbreit, residindo em Roma, e Frei Alex Sandro Ciarnoscki, residindo na Fraternidade de Concórdia (SC).
Atualmente, a Congregação para a Causa dos Santos nomeou o Monsenhor Maurizio Taglaferri como relator do processo de beatificação que está no Vaticano e a torcida é para que Frei Bruno seja declarado em breve Venerável. E o Tribunal Diocesano já tem, entre tantas graças, condições de escolher um milagre para pedir a beatificação de Frei Bruno. Durante toda a vida, por onde seus pés pisaram, suas mãos derramaram bênçãos espalhando sementes de “Paz e Bem”.
34ª Romaria em honra a Frei Bruno – Joaçaba (SC)
Fonte: NEOTTI, Frei Clarêncio.
Frei Bruno Linden – Tudo para Todos.